Àparte a remuneração, há também outras formas de motivar os colaboradores. As regalias são uma dessas formas.
Mas há algo que muita gente não percebe...
Um colega de trabalho, há uns anos atrás, foi a uma entrevista onde, quando falavam sobre as condições que tinha no seu emprego, lhe perguntaram:
- E que regalias tem? Telemóvel, portátil?
- Olhe... Hoje em dia, telemóvel e portátil já não são regalias, são instrumentos de trabalho.
Aquilo que muita gente não percebe é que, quando as regalias são incontornáveis, deixam de ser regalias.
O telemóvel e o portátil, em muitos casos, são incontornáveis, o que significa que o colaborador não se sentirá mais estimado por as ter. O contrário sim, é real: caso o colaborador necessite destas ferramentas de trabalho e as mesmas não lhe sejam facultadas, ele vai-se sentir injustiçado.
Da mesma forma, uma viatura de serviço para um Business Developer que se desloca frequentemente, uma avença mensal no parque de estacionamento junto à empresa para alguém que por motivos profissionais tem que estacionar a uma hora a que raramente há lugares livres no estacionamento público ou até mesmo a lavagem de roupa num hotel no estrangeiro quando a pessoa lá se encontra em serviço são incontornáveis.
A lavagem de roupa não vem aqui parar por acaso.
Em tempos que já lá vão, prestes a viajar em trabalho, o meu chefe na altura disse-me:
- Se precisares de lavar roupa no hotel, fica por tua conta, porque cá eu também não te pago para lavares a tua roupa.
Eu era jovem e inocente, e não respondi, mas devia tê-lo feito, talvez com um:
- Sim, mas cá, eu tenho a minha máquina de lavar roupa. Se quiseres podes metê-la no avião comigo.
Em vez disso, levei roupa para duas semanas e resolvi assim o problema.
Mas regressando às regalias, o que por vezes se pode fazer é estender a ferramenta de serviço tornando a mesma numa regalia. Por exemplo, permitindo ao colaborador usar a viatura da empresa aos fins de semana.
Ficam as notas:
- Instrumentos de trabalho incontornáveis não são regalias;
- Não dar ao colaborador uma ferramenta de trabalho incontornável fá-lo-á sentir-se injustiçado;
- Pedir ao colaborador algo que ele não teria que dar em situações normais poderá igualmente fazê-lo sentir-se injustiçado.
Wednesday, October 31, 2007
Tuesday, October 30, 2007
O Gestor e o Esquizofrénico
Dizia uma amiga minha, há uns meses atrás, que a esquizofrenia é uma definição tão lata que é possível ter três esquizofrénicos numa sala, observar os sintomas de todos eles e concluir que nenhum tem os sintomas dos outros dois.
Dizia também a mesma pessoa que com os gestores se passa algo semelhante.
É possível ter três gestores na mesma sala sem que as funções de cada um intercalem com as dos outros dois.
Basta pensar nas tantas vezes em que uma pessoa é promovida a gestor e não lhe é dito exactamente o que tem que fazer para facilmente se compreender as causas desta situação.
As funções de um gestor podem ser as mais variadas:
A título informativo, todas estas tarefas são potenciais assuntos de escrita deste blog.
Fica a nota:
- Se se tornar um gestor, esclareça com a sua chefia quais são as suas responsabilidades.
Dizia também a mesma pessoa que com os gestores se passa algo semelhante.
É possível ter três gestores na mesma sala sem que as funções de cada um intercalem com as dos outros dois.
Basta pensar nas tantas vezes em que uma pessoa é promovida a gestor e não lhe é dito exactamente o que tem que fazer para facilmente se compreender as causas desta situação.
As funções de um gestor podem ser as mais variadas:
- cumprir objectivos de adjudicação
- cumprir objectivos de facturação
- garantir a qualidade técnica dos projectos
- garantir o cumprimento dos prazos do projecto
- gerir os conflitos no seio da equipa
- gerir o stress dos colaboradores
- gerir a motivação dos colaboradores
- gerir as expectativas dos colaboradores
- optimizar a alocação de recursos
- efectuar o planeamento das formações
- etc.
A título informativo, todas estas tarefas são potenciais assuntos de escrita deste blog.
Fica a nota:
- Se se tornar um gestor, esclareça com a sua chefia quais são as suas responsabilidades.
Monday, October 29, 2007
Entrevistas caricatas, situação #1
- E diz-me uma coisa, de XML, percebes?
- Eu sou de Famalicão, mas agora estou a morar em Braga.
Eu juro que ele disse isto.
Fiz um esforço para conter o riso e consegui... A pessoa que fazia a entrevista comigo não conseguiu fazer o mesmo.
Breve pausa, eu aceno com a cabeça e torno a dizer:
- E de XML, percebes? Já usaste?
Seguiu-se um longo "Ah" da parte do entrevistando e finalmente a resposta esperada:
- Ah! XML! Sim, sim, percebo! É que eu ainda estou com os ouvidos a zunir, por causa da viagem...
- Eu sou de Famalicão, mas agora estou a morar em Braga.
Eu juro que ele disse isto.
Fiz um esforço para conter o riso e consegui... A pessoa que fazia a entrevista comigo não conseguiu fazer o mesmo.
Breve pausa, eu aceno com a cabeça e torno a dizer:
- E de XML, percebes? Já usaste?
Seguiu-se um longo "Ah" da parte do entrevistando e finalmente a resposta esperada:
- Ah! XML! Sim, sim, percebo! É que eu ainda estou com os ouvidos a zunir, por causa da viagem...
Friday, October 26, 2007
O melhor técnico e o melhor funcionário
Seria de esperar que, tecnicamente, as desilusões fossem originadas por técnicos de baixo nível de competência, e que as melhores surpresas surgissem por parte dos melhores técnicos.
Curiosamente, nem sempre é assim.
No campo das desilusões, tenho já visto várias surgirem de excelentes técnicos.
Acontece que, por muito boa que a pessoa seja, se esta teima em chegar tarde porque tarde e a más horas se deita, se teima em sair cedo porque a empresa não lhe paga as horas extra, se passa mais tempo a ler mail e blogs do que a trabalhar, e se não sabe gerir correctamente as expectativas em relação ao seu trabalho, estão então reunidas condições suficientes para um desastre.
Parece impressionante, mas qualidades como dedicação, esforço, espírito de equipa, empenho e responsabilidade estão muitas vezes mais presentes em técnicos de nível médio.
Inversamente, técnicos aos quais já toda a gente reconhece o valor sentem por vezes não ser necessário provar nada mais.
Claro está, há excepções de ambos os lados da barricada. Tenho já visto funcionários pouco competentes a não se interessar pelo trabalho, e vejo (felizmente) todos os dias funcionários extremamente competentes com um amor à camisola que inspira qualquer um.
Ainda assim, fica a nota:
- Ao contratar alguém, pode ser necessário que a pessoa cumpra alguns requisitos técnicos essenciais, mas mais importante que encontrar um técnico supra-sumo poderá ser encontrar alguém responsável, de confiança, e capaz de dar o litro quando a situação o exija.
Curiosamente, nem sempre é assim.
No campo das desilusões, tenho já visto várias surgirem de excelentes técnicos.
Acontece que, por muito boa que a pessoa seja, se esta teima em chegar tarde porque tarde e a más horas se deita, se teima em sair cedo porque a empresa não lhe paga as horas extra, se passa mais tempo a ler mail e blogs do que a trabalhar, e se não sabe gerir correctamente as expectativas em relação ao seu trabalho, estão então reunidas condições suficientes para um desastre.
Parece impressionante, mas qualidades como dedicação, esforço, espírito de equipa, empenho e responsabilidade estão muitas vezes mais presentes em técnicos de nível médio.
Inversamente, técnicos aos quais já toda a gente reconhece o valor sentem por vezes não ser necessário provar nada mais.
Claro está, há excepções de ambos os lados da barricada. Tenho já visto funcionários pouco competentes a não se interessar pelo trabalho, e vejo (felizmente) todos os dias funcionários extremamente competentes com um amor à camisola que inspira qualquer um.
Ainda assim, fica a nota:
- Ao contratar alguém, pode ser necessário que a pessoa cumpra alguns requisitos técnicos essenciais, mas mais importante que encontrar um técnico supra-sumo poderá ser encontrar alguém responsável, de confiança, e capaz de dar o litro quando a situação o exija.
Thursday, October 25, 2007
A resolução dos problemas antes que estes se agravem
"De pequenino é que se torce o pepino."
Quando um colaborador começa a chegar tarde, a ser insubordinado ou a demonstrar outros sinais de problema, há que resolver o assunto quanto antes.
A segunda lei da termodinâmica aplica-se e os problemas, como a entropia, quando não se resolvem, tendem a aumentar.
É logo no primeiro atraso para uma reunião que se chama a atenção da pessoa. É no primeiro dia em que a pessoa só aparece pelo meio-dia, por exemplo, e não quando o problema já está demasiado aprofundado.
Claro está, há uma certa diferença entre dizer "Hoje chegaste atrasado, que não se repita!" e dizer "Está tudo bem contigo? Reparei que não apareceste a horas, hoje..."
Depois de se lançar o assunto, sim, pode-se focar a importância de chegar a tempo e horas.
Convém dizer, claro, que há organizações e organizações. Se numas o horário é importante, noutras poderá não o ser. É transferir o conceito para a filosofia de cada empresa.
Fica então a nota:
- Quando um problema com um colaborador surge pela primeira vez, há que o resolver rapidamente, antes que o mesmo se agrave.
Quando um colaborador começa a chegar tarde, a ser insubordinado ou a demonstrar outros sinais de problema, há que resolver o assunto quanto antes.
A segunda lei da termodinâmica aplica-se e os problemas, como a entropia, quando não se resolvem, tendem a aumentar.
É logo no primeiro atraso para uma reunião que se chama a atenção da pessoa. É no primeiro dia em que a pessoa só aparece pelo meio-dia, por exemplo, e não quando o problema já está demasiado aprofundado.
Claro está, há uma certa diferença entre dizer "Hoje chegaste atrasado, que não se repita!" e dizer "Está tudo bem contigo? Reparei que não apareceste a horas, hoje..."
Depois de se lançar o assunto, sim, pode-se focar a importância de chegar a tempo e horas.
Convém dizer, claro, que há organizações e organizações. Se numas o horário é importante, noutras poderá não o ser. É transferir o conceito para a filosofia de cada empresa.
Fica então a nota:
- Quando um problema com um colaborador surge pela primeira vez, há que o resolver rapidamente, antes que o mesmo se agrave.
Wednesday, October 24, 2007
Definição: Corporate Bullshit
Seriam talvez umas 21 horas e estávamos sentados numa bela pizaria em Lisboa.
Cerca de uma semana antes tinha eu passado a gerir o departamento a que pertencia, uma situação para a qual já me estava a preparar há uns meses (que bom que é quando as coisas são feitas com tempo).
Agora, já com o cargo assumido, encontrava-me a colocar questões e a pedir conselhos a quem já tinha exercido funções semelhantes no passado.
Neste caso, alguém que já conhecia o meio há pelo menos uma década.
A primeira definição que ele me deu foi esta, a de Corporate Bullshit.
Na Wikipedia, Bullshit "describes incorrect, misleading, false language and statements."
Agora é só pegar nisso e transferir para o mundo empresarial.
Verdade seja dita, nestes anos que passaram vi já muita desta Corporate Bullshit. Aliás, até já a consigo identificar pelo cheiro.
Como poderão verificar ao longo do curso de vida deste blog, a Corporate Bullshit está sempre presente nestas coisas.
Cerca de uma semana antes tinha eu passado a gerir o departamento a que pertencia, uma situação para a qual já me estava a preparar há uns meses (que bom que é quando as coisas são feitas com tempo).
Agora, já com o cargo assumido, encontrava-me a colocar questões e a pedir conselhos a quem já tinha exercido funções semelhantes no passado.
Neste caso, alguém que já conhecia o meio há pelo menos uma década.
A primeira definição que ele me deu foi esta, a de Corporate Bullshit.
Na Wikipedia, Bullshit "describes incorrect, misleading, false language and statements."
Agora é só pegar nisso e transferir para o mundo empresarial.
Verdade seja dita, nestes anos que passaram vi já muita desta Corporate Bullshit. Aliás, até já a consigo identificar pelo cheiro.
Como poderão verificar ao longo do curso de vida deste blog, a Corporate Bullshit está sempre presente nestas coisas.
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